Os pequenos diretores de empresas extra grandes

A mulher de um amigo foi despedida de uma grande operadora na semana passada após dez anos de serviços prestados. Quando a colaboradora foi chamada pelo DP para ser comunicada de sua saída, ela, normalmente, indagou:
– Mas o que aconteceu, por que estou sendo mandada embora?
– Desculpe mas estou aqui somente para lhe comunicar, não sei os motivos, respondeu o algoz funcionário.
Junto com ela foram demitidos cerca de duas dúzias de outros colaboradores, todos na sua maioria com muitos anos de dedicação na empresa, 15, 20 anos…
– Se ao menos soubesse o motivo, estaria satisfeita!
Grande engano. Todos saíram sem saber os motivos, sem nenhuma satisfação ou agradecimento.

Muito triste esta atitude feudal e de empresa que não dá a mínima para seus colaboradores e muito menos para os hotéis que vende, aos destinos que atende de forma predatória e sem a mínima preocupação com a sustentabilidade. O que custaria um dos diretores vir falar, agradecer e explicar que a empresa está se restruturando?

Falando em atitude, sexta-feira às 20h30 resolvi fazer as compras da semana no hipermercado Extra da Marginal Pinheiros – ah que saudades da época do Paes Mendonça! Depois de 50 minutos de tira-da-prateleira-põe-no-carrinho-e-risca-o-item-da-lista, fui pra fila em terceiro lugar. O casal que estava passando suas compras parecia estar sozinho no local, ele tirava um item de cada vez e entregava para o caixa, depois, coçava a cabeça, falava algo para a mulher e lentamente pegava outra mercadoria, depois de 15 minutos, perdi a paciência e falei pro cidadão:
– Será que não dá para para você ir pouquinho mais rápido?
– Você tem que aprender a esperar! Eu quando estou na fila, espero!
– Você deveria morar numa ilha sozinho pois não tem respeito pelos outros. Acha que está sozinho? Não pode ser normal e passar suas compras em uma velocidade aceitável?
Depois de uns vá-va-vás e caras feias em ambas direções, reparei que apenas 30% dos caixas estavam operando. Sem dúvida, fui em busca do gerente.
– Por que existem poucos caixas?
– Realmente nesta noite faltaram alguns funcionários, pedimos desculpas pelo incoveniente, me respondeu a gerente.
– E por que não há empacotadores?
– Eles trabalham apenas até as 21h.

Os hipermercados estão parecendo bancos, você paga para eles guardarem seu dinheiro e você é quem faz tudo. Entra na internet, paga as contas ou vai no caixa eletrônico para fazer a mesma coisa. Nos caixas, apenas três gatos pingados que trabalham mais ou menos, como se lhe fizessem o favor em atender a sua pessoa. Cansei do Extra, mesmo sendo da mesma empresa, prefiro ir no Pão de Açúcar, não me importo em pagar um pouco mais e ter um atendimento de acordo com minha expectativa.

Alguns hóspedes têm o mesmo pensamento. Preferem pagar mais e ter suas expectativas no mínimo atendidas. Emiliano, Fasano e outros hotéis-boutique atuam assim e vivem lotados. De outro lado, os econômicos – não estou fazendo uma comparação com o caso Extra – não prometem nada além de um bom atendimento. Isso é o mínimo exigido. O hipermercado do Morumbi em questão é um popularzão, mesmo que 85% de seus clientes sejam da classe média.

Confesso que, quando nos acostumamos com o conforto (ainda mais quando estamos passando pelo cabo da boa esperança), fica dífícil aceitarmos qualquer coisa. Mas, vai aí uma dica, reclamem, exijam seus direitos e procurem sempre aprimorar tudo. Assim, a vida melhora para todos! Boas semana e votos de um bom feriado na quinta-feira!

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4 comentários

  1. Sempre passo por aqui, mas acho que nunca comentei nada..
    nossa.. excelente post! Realmente, tem muitas coisas que temos, e acabamos preferimos pagar mais para ter conforto. Certamente na hotelaria isso tem um peso imensurável, o bom atendimento é um dos maiores diferenciais que um hotel pode ter, a estrutura física e artigos de ‘luxo’, são complementos, que fazem aumentar a vontade de estar naquele ambiente. Beijos.

  2. Eduardo Maclean

    Bravo Peter!!

    São muitas as vezes que passo por situações parecidas a que te aconteceu no supermercado, mas esquecemos que nos temos o poder de mudar isto! E só não abrir a sua carteira! Levantar do restaurante e sair, não voltar a aquela loja onde fomos mal-tratados e não perder o tempo falando com gerentezinhos sem treinamento ou poder de decisão. Não é? Boicote é a melhor maneira de que estes lugares mudem o desapareçam!

    Abraços desde Buenos Aires!

    Eduardo

  3. Maria Inez Alciati

    Peter:
    Você verbalizou, de forma precisa e contundente, o que sempre pensei sobre essas duas lamentáveis situações!!!
    Assino embaixo! Aliás, não só neste “post”…
    Deus te conserve assim, “inspirado e iluminado”!
    Sua fã,
    Maria Inez

  4. Marcelo Coutinho

    Concordo e adiciono. O Brasil consegue ser ótimo em costumer service e ao mesmo tempo péssimo nisso. O que era pra ser uma bela ferramenta de exportação pra fora, acaba se perdendo na falta de educação e cultura.

    Agora convenhamos: o cara entregar um a um os produtos na mão da caixa, é simplesmente palhaçada!

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