O caso do apartamento 203 – Última parte

O plano teria que ser posto em prática o mais rápido possível. Herbert não poderia de maneira nenhuma ter a chance de perceber que estavam tentando armar para cima dele.

No começo da noite do dia do ataque, Zilda, dona Helena e José, chefe da Segurança, estão reunidos longe dali, tentando achar uma forma para pegar Herbert.
– Por mim, chamava a polícia e mandava prender o sem-vergonha!
– Não podemos correr o risco dele sumir, se fizermos isso, ele vai conseguir se safar. É a palavra dele contra de Zilda e sabemos que neste país, muitas vezes, as leis não são cumpridas.
– Zilda, você tem que ter muito sangue frio e ficar quieta, além disso, não poderá demonstrar nada em tua casa. José, aquele teu amigo ainda trabalha na polícia federal?…

Logo, o plano estava armado, mas eles ainda precisavam de mais ajuda interna para conseguir ir adiante. Conversaram com o Daniel, que cuidava da área de TI do hotel. No dia seguinte, José dispensou um dos seguranças, que já demonstrara ter ficado mais próximo do gerente geral. Zilda ligou para uma amiga da Escola de Samba…

A ação tinha que ser naquela semana, no máximo em dois ou três dias. No dia seguinte, lá pelas 16h, Zilda foi até a sala de Helena e disse que não se sentia bem. Pediu para ir embora, a supervisora Suzana indagou qual era o problema.
– Estou com muita dor de cabeça, dona Suzana, preciso ir ao médico.
– Espera um pouquinho que vou falar com a dona Helena.

Assim que saiu para a rua, Zilda não se continha pela euforia e ansiedade para que tudo desse certo. Decidiu não ir para casa e foi em direção ao shopping center.

No dia seguinte, durante a reunião do comitê executivo, Helena relatou, entre outros assuntos, que Zilda estava afastada por razões de saúde por tempo indeterminado.
– Mal começou a trabalhar e já…
– Como está difícil encontrar mão de obra nestes dias!
– Calma gente, a menina deve estar com algum problema!
– Vamos retomar a pauta da reunião, senhores! Manifesta-se o GG
– Bom, como estava dizendo, pedimos uma substituta, pois não podemos ficar desfalcados, já temos duas arrumadeiras em licença maternidade e outras três afastadas, sem contar a Zilda.
– E quando começa a nova pessoa?
– Hoje, pela tarde senhor Herbert. Ela se chama Suelen.
– Ótimo, vamos em frente. E você Renilton, tudo em ordem?…
– Sim…

No dia seguinte, algumas horas depois do almoço, ele sai de sua sala e pega a escadaria de serviços. Não percebe que o auxiliar de limpeza o observa. Sobe dois lances e chega ao segundo andar. Suelen está na mesma habitação, a 203, e não percebe que a porta se abre. Ela está de costas ajeitando o cobre-leito. Ele vem e a agarra por trás, pondo a mão na sua boca para abafar a tentativa de grito. Ele fala baixinho no ouvido da camareira.
– Não grita, não vou fazer nada do que não irá gostar… Vou tirar a mão…
– O senhor não se atreva! Me largue!
– Não grite!
Ele puxa Suelen ao seu encontro e tenta colocar a mão de novo. Ela tenta correr dali. Ele a segura. Prende seus braços e a empurra para cama.
– Não faz assim. Não quero te fazer mal…
De repente, do banheiro sai o José e a dona Helena.
– O que significa isto? O que estão fazendo aqui!?
– Sr. Herbert, nós é que perguntamos, o que o senhor está fazendo agarrando essa menina?
– Eu… Mentira!
– Nós escutamos tudo!
– Sim, podem ter escutado, mas não fiz nada!
– As câmeras não mentem senhor Herbert!
– Que câmeras?

Surpreendentemente, de dentro do armário sai mais uma pessoa, conhecida apenas de José, o agente da polícia federal.
– Considere-se preso em flagrante! Temos uma testemunha além da Suelen.
Herbert pula para a porta, abre-a e dá de cara com Zilda e mais dois agentes. Ela olha profundamente para o gerente e dá um tapa nele.
– Porco! Safado!
Os agentes agarram Herbert e levam para a saída. Todos pasmam quando passam pelo lobby…

Herbert não vai a julgamento, como é réu primário, consegue entrar com recursos e alegar problemas mentais. Emprego de gerente? Claro que consegue! O que não se pode nesse país…?

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1 Comentário

  1. milena

    Pior de tudo é que você tem razão!
    Infelizmente existem vários “casos” parecidos e o sujeito continua conseguindo emprego!

    Beijocas, adorei!
    Mi

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