Vender: sabe o trabalho que dá subir até aqui?

Lado A
Amanhã (9) é o Dia do Hoteleiro, e acredito que durante o ano todo tenho feito várias homenagens por meio dos meus posts. Já disse algumas vezes que sou contra essas comemorações criadas com propósitos esquisitos, como Dia das Mães, dos Pais, das Avós, da Mulher, Secretária, etc e tal. Tudo bem, existe um validamento, mas se analisarmos bem a fundo, chegaremos na conclusão que tudo não passa de balela.

Alguns hoteleiros têm utilizado o dia para convidar pessoas carentes para tomar café da manhã ou passar algumas horas dentro do meio de hospedagem. Fico imaginando o que é feito durante os outros 364 dias do ano. É vero também que muitas redes e alguns hotéis independentes realizam ações voluntárias e mais frequentes baseadas no ímpeto que todo hoteleiro deve ter: a participação efetiva no aprimoramento do entorno no qual o meio de hospedagem está inserido, de seus hóspedes, colaboradores, fornecedores, clientes e da sociedade. Ai daquele hoteleiro que não faz isso. Vai ser dono de hotel para sempre!

Anyway, vai aí o meu parabéns para todos os Hoteleiros do Brasil e também do exterior! Muita saúde, paz, capacitação, manuntenção preventiva, room nights e criatividade, muito treinamento, revenue management e tudo mais que precisarem para estarem aptos a oferecer um serviço de qualidade e com resultados merecidos.

Lado B
Nestas últimas semanas tenho viajado bastante e ficado pasmo com o nível da fala dos chefes de cabine das companhias áreas. Fico imaginando por que não incluem uma aula de locução para eles. As informações, às vezes, são incompletas e a impressão que dá é que enquanto eles falam devem estar pensando em outra coisa. O engraçado é que a maioria dos textos está escrito, então é só prestar atenção e ler! Hoje mesmo, o cara mandou mal:
– Bom dia senhores passageiros este é o voo 7… (silêncio)… 5… (pausa)… é o voo 5… (pausa de novo)…
– 7656! Falou alto um dos passageiros
– Desculpe, este é o voo 7656 com destino…
E quando vão falar em inglês então, putzquipariuses, sai cada coisa!
– Laidis andi gentliman… (o correto é leidis andh gentleumen)…

Até agora não tive a oportunidade de pegar um voo no qual pudesse comprar um lanche extra, ainda não tive sorte. Acho que vou inventar um jorgeforevis grill à pilha e vender uns sanduíches de calabresa no avião.
– Oooolha a calabreeeeeeeeeeza!
– Quanto é? Tem pimenta?
– Pamoooonha, pamooooonha, pamooooooonha! Fresquinha de Montevidéu!
– Olha o alfajooooor! Diretamente de Havana!
– Mas é o Havana ou é de Havana??
– Desculpe mas este é de Cuba…tão! Hahahaha
Nos voos para o Rio:
– Olha o mate, geladinho!
E antes da escala em João Pessoa:
– Tapioca fresquinha! Quem vai querer?
– Tem de queijo coalho?
– Desculpe mas só de queijo mesmo, na próxima trago o alho!
E depois da escala em João Pessoa:
– Buxaaaaaaaaaaaaaaaada de booooooooooooooooode! Olha a buxada!
– Ô marido, ele tá me chamando?
– Não muié, sê é surda? Ele disse B U C H A D A e não bucha!
– Bruxa?
– É a mãe!
– Alguém falou camarão?
– É a mãe!*

Na década de 60, até a chegada do Flower Power, as pessoas que íam viajar de avião, faziam questão de vestir a melhor roupa, até compravam vestimentas novas, casacos de pele, sapato, gravata, chapéu, tudo novinho, saindo da caixa. As aeromoças eram chiquérrimas, aliás ser uma delas era o must. Sonho de qualquer moça, era quase ser como uma top model! E ainda viajavam de graça e ficavam nos melhores hotéis. Como dizia o Patrese: um luxo!

Hoje, os comissários, que também podem ser de outro sexo além do feminino, são verdadeiros garçons do ar! Sem querer menosprezar nenhum profissional… E às vezes, precisam de treinamento: acabei de ser servido com um super café da manhã e o rapaz deixou cair a embalagem da manteiga no chão, o que ele fez? Pegou, pôs na bandeja e me serviu. O certo seria trocar, me dar a bandeja, sorrir e dizer: bom apetite! Lorota da Carlota! Eu é que agradeci sorrindo e ele olhou com aquela cara de baiacú! Sai do armário menino e vai ser feliz!

Daqui há alguns anos, é capaz de estarmos voando e de repente BLAM! Um barulhão na fuselagem. A aeromoça calmamente diz no interfone:
– Comandante, posso abrir?
– Pode, comissária!
Ela abre a porta, o vento faz a maior zona no avião, papéis voando, gente gritando e aí entra um carinha com umas balas de goma na mão:
– Boa tarde gente, desculpe estar incomodando vocês na sua viagem, mas eu prefiro fazer isso do que pedir esmola ou roubar. Eu tenho dois filhos e estou vendendo essas “bala” de goma de “iorgute”, são muito boas! Duas por R$ 10!
– R$ 10! Isso é um roubo! Outro dia, no ônibus paguei R$ 1
– É, mas esse preço só lá embaixo! Sabe o trabalho que dá subir até aqui?

É isso aí! Boa semana pra você com excelentes negócios, ah e para você que está começando hoje no seu trabalho novo, boa sorte! E para você que tá procurando emprego, boa sorte também! Fui, aho!

* Esquete da Escolinha do Professor Raimundo

2 comentários

  1. Rubens Sampaio

    Prezado Frank Peter Zappa,
    Suas palavras são sempre pertinentes.
    Adoro suas observações, opniões , descrições e assim sempre bebo suas palavras.

    Parabéns

  2. Vera Cunta do IDP - Instituto de Desenvolvimento Profissional

    Peter,
    Ainda não tinha lido nada do seu bloog e amei!!
    Rí sózinha que nem uma louca!!!
    Vou passar a ler sempre agora.
    Parece que você leu meus pensamentos.
    Estou agora em Maceíó (não sei se vc lembra de mim ou do IDP… costumávamos enviar nossa programação de cursos e vc os publicava… Bem, não estamos mais no Rio, estamos em Maceió) e retornava do Rio quando fui cuidar de minha mudança e tive a mesma sensação…
    A chefe de cabine era a pior de todas!!! Tirava a maior onda de suas férias em Paris quando voou Air France e falava mal dos hotéis aqui em Maceió. Falava tão alto que parecia estar até no microfone… Aliás, quando falou no microfone não foi tão nítido…
    E o serviço de bordo? Um pacotinho de amendoim e um biscoitinho doce… Disse:”- Sou diabética, tem outra coisa? – Não! – E para beber? – Água!”
    Que saudade dos tempos que podíamos avisar com antecedência a necessidade de uma alimentação especial… E a gente ainda reclamava, né?
    Ohhh Peter, eramos felizes e não sabíamos…
    No vôo revoltada com os acontecimentos ainda comentei com dois rapazs vizinhos ao meu acento que gostaria de contactar a companhia aérea para um treinamento free, já que é este meu trabalho…
    À propósito, gostaria de seu contato para voltar a passar nossa programação de cursos para hotelaria, restaurantes, cruzeiros e quem sabe também cias aéreas?
    Um grande abraço,
    Vera Cunta

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