Os Josés, Amarais e Rolins

É sempre muito bom saber sobre as pessoas visionárias, mesmo que elas passem meio despercebidas pela nossa vida, na realidade nós vizualisamos e entendemos suas ações quando ficamos mais maduros, as gerações mais jovens não conseguem avaliar as atitudes e criações desses empresários, pois estão focadas em heróis diferentes, o que é bem normal.

Resolvi escrever esse post sobre eles ao ver o sucesso que o carrinho Smart está fazendo nas ruas de São Paulo. O veículo custa mais que R$ 50 mil e virou objeto de desejo. Há quase 20 anos atrás, o empresário brasileiro Amaral Gurgel lançou no mercado o BR-800, um não tão pequeno carro quanto o Smart mas quase do mesmo tamanho. Com 800 cilindradas, motor traseiro, espaço para dois adultos e três crianças, o automóvel nacional até que vendeu bem. Depois, Amaral lançou o Motomachine, de apenas dois lugares e com design mais moderno, suas portas e teto podiam ser retirados transformando-o num jipinho.

Lembro bem quando compramos a primeira versão do BR-800 em 1991. Pagamos a vista US$ 4 mil e pouco e chegamos até a viajar com ele para Ilhabela, até que num fatídico 21 de abril do ano seguinte capotei o bichinho numa curva da Giovanni Gronchi. Na época trabalhava no saudoso Sheraton Mofarrej, eram seis e meia da manhã e estava indo assumir meu posto como caixa da Recepção. Saí de casa, na José Galante, peguei a avenida, desci, passei pelo estádio do meu time, peguei a subida e aí começou a tocar Time, do Pink Floyd, no rádio. Antes de fazer a curva, fui aumentar o volume, me distraí e não vi a curva, estava muito rápido, sai da tangente, tentei consertar e puxei demais o volante, o carro derrapou, foi em direção de uma árvore, virei um pouco, a roda bateu na guia fazendo o gurgelzinho, com apenas 9 mil quilômetros, tombar e se arrastar de lado por 50 metros. Aí, não sei como o carro virou do lado certo de novo e parou com as duas rodas traseiras na calçada e as outras duas na rua. Quando desci, tinha fibra de vidro pra todo lado. PT, saudações.

Lembranças automobilísticas a parte, o que quero dizer é que o Amaral Gurgel estava a frente do seu tempo, era um visionário. O governo brasileiro não deu apoio a ele e nada aconteceu, ao contrário a única fábrica de carros em série genuinamente tupininquim faliu. Hoje a Gurgel poderia ser uma das maiores da América do Sul e os Smarts com certeza seriam muito mais modernos. De vez em quando, para matar as saudades, damos uma volta no Motomachine do compadre Garcia.

Outro grande empresário-visionário foi o Comandante Rolim. Criou a Tam do nada, com muita perspicácia e audácia. Inovou conceitos, recebeu passageiros pessoalmente, escutou seus clientes e empurrou a Transportes Aéreos Marília para ser a maior empresa aérea do país. Quem ainda não leu o livro sobre sua vida, O Sonho Brasileiro, que o faça o mais rápido possível, é uma lição de vida, perseverança e profissionalismo.

Há bem mais de 50 anos, o senhor José Tjurs construiu vários hotéis pelo país. Entre eles, o Nacional, no Rio de Janeiro, e o Jaraguá, em São Paulo, que foi durante um bom tempo o principal meio de hospedagem da cidade, cheio de celebridades e artistas. Por pouco, não inaugurou o primeiro hotel na avenida Paulista, sim, exatamente no Conjunto Nacional. Imaginem o sucesso que seria. Por que não o fez? A aristocracia paulistana não deixou pois achava que um hotel na região poderia denegrir a imagem da avenida e do bairro. Era aristocracia ou burrocracia?

É isso mesmo, temos que sempre tentar inventar, inovar, compartilhar, reunir a equipe e brainstormar, criar, trabalhar com prazer, se divertir e ir adiante, esperar pelas estrelas que virão e elevar nossas mentes à altura de nosso criador. Quem quiser, será e verá! Boa semana, aho!

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